quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O gene das experiências místicas

Palavras chave: genes, neurociência, relativismo religioso, evolução

Um gene constrói uma área cerebral em um feto onde a futura pessoa terá as suas experiências místicas em conjunto com sentimentos, emoções e a própria racionalidade de outras regiões cerebrais. Simplificando ao máximo.

Esse hardware é puro, limpo. O software será implantado pelo meio ambiente social da pessoa, principalmente dos pais, irmãos, outros parentes e amigos, através de informações e conceitos que se tornarão valores religiosos para ela.  Existem diferenças muito grandes entre as religiões e, o principal, é que o  absoluto para uma não o é para outra. Quase 100% de chance dessa pessoa seguir, em linhas gerais, com algumas diferenças, o que todos da sua sociedade seguem da religião local.

Não li “O Gene de Deus” (1) de Dean Hamer mas pretendo ler. Depois faço questão de comparar com este texto a fim de apontar diferenças ou semelhanças entre o que penso agora e o que está no livro.

Sobre o software digo que escrevi muitos artigos a respeito do assunto que estão no meu blog “O Relativismo Religioso - Como eu o vejo” (2) e coloco aqui  uma consideração presente em muitos deles: a vantagem de um gene assim começa em algo aparentemente sem conexão com o tema deste artigo: a consciência. Ela possui uma incerteza, uma dubiedade não muito comentada pela literatura científica. Por um lado é um grande apoio ao raciocínio lógico estando presente no dia a dia não somente das pessoas mas sim antes de suas ações, no que elas pensam: “(Eu) Farei isto por ser vantajoso”, “Não será melhor (Eu) pegar um táxi porque, mesmo (Eu) pagando mais, (Eu) não corro o risco de (Eu) perder a entrevista de emprego? De outra maneira traz questionamentos, dúvidas, confusões mentais, etc., podendo levar muitas pessoas a desequilíbrios emocionais de graus variados comprometendo suas próprias vidas particulares. Falo de questões como “qual o sentido da vida?”, “o que faço neste mundo?”, no sentido existencial e, o que é mais aterrador: “o que vem após a morte?”, “tudo ‘apaga’ e não estarei presente em mais nada?”, “gostaria de voltar…”.

Imagine quando o ser humano começou a ter consciência de si próprio e do mundo que o rodeia. Já com inteligência avançada para tais questionamentos, ele teria que possuir, seu cérebro teria que possuir algo, selecionado pela evolução, “filtrado” por ela, para amenizar o sofrimento de tamanha carga emocional presente todos os dias de sua vida…

Parece, o que digo, algo simples, mas problemas existenciais menores como mudar de área de trabalho, de vida, etc., já levou muita gente a psicólogos,  psiquiatras, sessões de terapias, remédios, etc. Pense então em questões maiores, de dimensões onde o próprio existir está em jogo. É realmente muito perturbador.

Mas também não só as questões existenciais poderiam deixar as pessoas doentes. Preocupações das mais diversas, tentativas de conquistas, mesmo sonhos, etc. Aí, então, o que está fora do controle, aquilo totalmente incerto, aflições, são jogados para os valores religiosos… Deus para os cristãos, deuses das outras religiões de outros meios ambientais sociais, ritos e orações. O sofrimento é diminuído, crescem as esperanças, libertam-se de angústias e ansiedades.

E estes valores religiosos são reais? Não necessariamente. O que é ensinado ao software como eu disse no segundo parágrafo são informações que encontram sentimentos. Você passa a gostar de um valor religioso. Simplificando. Mas a informação pode ser falsa que a carga emocional com ela carregada é verdadeira,  e, muito forte, pois veio principalmente de pessoas importantes da sua vida.

Um gene desse tipo teria grande chance sim de se perpetuar porque, entre outros fatos, um dos maiores erros ao se pensar a evolução, é atribuir vantagens apenas aos corpos dos animais. O cérebro deve entrar neste contexto como em muitos outros. O bom funcionamento dele é essencial para a sobrevivência de indivíduos e das espécies às quais ele são integrantes.


Notas:

1 - HAMER, D. O Gene de Deus. 1a. Edição. São Paulo: Mercúryo, 2005. 276 p.